sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O que fica quando o tempo passa?

Foto meia boca (com o celular) de foto
em papel: eu, Cris (editora) e o amigão Luiz,
que também não perdia um dessas festas.
Sem dúvidas, as lembranças. 
Mas, até as lembranças caem no esquecimento e mudam à medida em que ficam mais distantes ou quando temos a chance de voltar no tempo e rever aquele momento que foi tão marcante.
Estou fazendo uma pesquisa para o banco em que trabalhei por 20 anos, parte deles como redatora, e as vezes até fotógrafa, de uma revista semanal.
Por conta dessa pesquisa, preciso olhar edição por edição e nessa procura encontro, a todo momento, as matérias que redigi e as histórias dessas matérias.
Acabei de passar por uma, de dezembro de 1992, que tratou somente de uma festa bienal que o banco organizava para homenagear as pessoas com 30 anos de casa. Era a terceira edição e, lembro bem, que fui responsável pela estrutura e por boa parte das entrevistas.
Quem me conhece, sabe o quanto sou chorona.
Pois então, algumas entrevistas eram feitas por telefone. Afinal, tínhamos que falar com gente de todo o Brasil. Outras, eram feitas pessoalmente. Mas, toda vez que eu falava com alguém... pronto. Chorava.
Foi a primeira dessas festas que eu cobri e como adorei fazer aquilo. Saber das histórias de vida era maravilhoso. Algumas eram tristes, mostravam pessoas que tinham feito a mesma coisa durante a vida inteira em cargos menos nobres. Ou pessoas ressentidas por terem dedicado toda uma vida à empresa, deixando a família de lado.
Naquela ocasião eu entrevistava pessoas que tinham entrado no banco em 1960 e 1962. Pessoas que iniciaram sua carreira quase que fazendo conta na mão e que, em 92 viviam o ápice da automação bancária, tendo acabado de passar por uma década sofrida para o segmento bancário.
Nossa, lembro que imaginava encontrar só gente velha na festa por terem 30 anos de casa. Mas, quando cheguei, que surpresa! Mulheres com 50 anos em media, lindas, felizes. Os homens mais gordinhos, mas não velhos, como pensei.
Quando vi o pdf da edição, agora há pouco, com o presidente do conselho na capa, comecei a rir sozinha. Lembrei de um sufoco que passei para fazer uma das matérias.
Cheguei na festa com minha amiga e editora da revista. Eu faria a matéria de abertura e, claro, usaria trechos do discurso do executivo. Como ainda era cedo, estava rolando um coquetel. Então, comecei a tomar vinho. Ah... uma delícia! Mas, nada de passarem com uns canapés. Até aí, tudo bem. Eu fiquei altinha, mas ninguém percebeu.
O discurso começou. Anotei tudo direitinho, fui virando as folhas do bloquinho e tudo seguiu muito bem. Essa era a única coisa que tinha que fazer naquela festa. As entrevistas já estavam ok. Foram feitas antes.
A presença na festa só tinha uma razão. Aliás duas: anotar o discurso do principal executivo e participar do jantar, que, aliás, era um luxo.
A festa acabou. Fui dormir na casa da minha amiga para, no dia seguinte, fazer a matéria bem cedinho e fechar a revista. Eis que ao abrir o caderno... só vejo rabiscos. Não dava para entender uma palavra, nada! Quase morri, porque eu não gravei o discurso. Para que? Se eu anotava tão rapidamente?
E quem disse que eu lembrava uma palavra do que tinha ouvido. Eu estava altinha. Como ia lembrar de um discurso.
Claro que fui salva pela memória da minha editora e pelas técnicas do jornalismo que nos permitem conceituar um assunto, sem necessariamente usar as aspas. Mas, aquilo foi hilário. 
No final, deu tudo certo. Tão certo que, até hoje, o material é gostoso de ler. Depois daquilo, nunca mais bebi em serviço e, se bebi foi porque tinha comida para não deixar a bebida subir à cabeça.

3 comentários:

Unknown disse...

Bel,
Boa pergunta para um excelente argumento como este, muito embora os que lerem tal depoimento, certamente pensem que mesmo seja pua ficcao. MAS, como fui a tantas dessas festas em que o Olavo Setubal compareceu enquanto vivo, exceto na festa de 30 anos de minha vez, sei que o que fica e o sabor compartilhado de amigos que vivenciaram, juntos ou a certa distancia, a ansia de viver e produzir coo o fizemos e que voce continua a fazer com muito talento e criatividade. E foi muito bom nos revermos em foto do passado, pois estamos muito melhor na atualidade. Continue assim, brilhando cmo no passado e respandecendo a cada instante seu, hoje muito mais produtivo e cada ve mais eficaz enquanto o tempo passa, mas as emocoes persistem. Sempre e cada vez mais fortes. Um grande abraco do amigao Luiz Dutra

Anônimo disse...

Bel, que delícia de história. Acho que foi você que cobriu a minha festa dos 30 anos. Uma das últimas que contou com a presença do Dr.Olavo. Foi super emocionante, sendo o dr. Olavo aplaudido de pé quando chegou ao evento. Abs. Alberto Lacava.

Marli disse...

Oi Isabel, obrigada por adicionar meu nome no grupo do FB. Adorei ler seu post. Lembro bem dessa edição e acho que eles ganharam relógios, não? Porém,não lembrava desse incidente com vc.
Sua história me fez recordar da inauguração do Itaú Cultural, onde também serviram bastante champagne e nada de canapés. A Miriam e eu bebemos um pouco antes de comermos alguma coisa e ficamos tontinhas também.