sábado, 12 de junho de 2010

A Alberto Graf ficou sem graça

A ida do Seu Antonio Molinari mexeu de certa forma comigo. Diferente da sensação que se tem de ver partir alguém que testemunhou a sua vida, senti a perda de parte de uma história que antecedeu à minha.
Eu era criança quando o conheci e me lembro muito bem do que mais me chamou atenção nele: era já um senhor, político, empresário, influente, sério e brincava com os filhos. Ele brincava com os filhos e eu achava aquilo o máximo. Afinal, era tão raro um pai carinhoso há 30 anos. Eu pensava: como pode um senhor ser tão carinhoso com os filhos e especialmente com a filha (minha amiga)? E ele beijava e abraçava aquela filha.
E eu era uma criança e admirava aquilo. Aliás, até hoje, conheci poucas pessoas como ele.
Lembro de como ele manteve, por anos, uma das primeiras fábricas de plástico de Caieiras. Da família trabalhando junta. De confusões entre os filhos. Era muito interessante observar tudo aquilo.
Lembro da força que dava para minha amiga fazer faculdade. Do orgulho que ele sentia.
O mais interessante de tudo foi quando ele resolveu parar de fumar e seguir uma vida saudável. Acho que o Seu Antonio foi uma das primeiras pessoas a fazer caminhada em Caieiras. Era divertido ver o jeito dele, a roupa da caminhada, a saúde desfilando pela rua Cap. Alberto Graf. Um homem bem resolvido era o que me parecia.
Há mais de vinte anos deixei de ir na casa dele, porque já não estudava mais com a minha amiga e nossas vidas tomaram outro rumo. Mas, nunca deixei de observar o Seu Antonio, em sua caminhada diária.
Quarta-feira ele dormiu. Dormiu verdadeiramente o sono dos justos e por isso não vamos mais vê-lo andar nos seus passos lentos e firmes. Porque tem uma hora que até os mais fortes precisam dar uma parada para descansar. Agora, Seu Antonio vai descansar um pouquinho.

domingo, 6 de junho de 2010

Visão do inferno em 500 metros


Vez ou outra decido sair a pé para ir ao supermercado que fica a uns 500 metros de casa. Moro, por enquanto, na Alfredo Corradini, Jd. Vitória, bem pertinho do Federzoni Serpa e da Rod. Tancredo Neves. “Uma coisa linda de se ver”.


Ainda não sei por que insisto em fazer isso. Acho que é para passar raiva mesmo. Não tem uma vez que não me irrito nessa caminhada. Mas, bem feito, quer caminhar e ver coisa bonita? Vá para a Nova Caieiras, porque a Velha...meu Deus.

Em cinco minutos de caminhada vi tanto lixo, mas tanto lixo jogado na rua, que não acreditei. E fico aqui pensando: será que vamos morrer afogados em lixo? O que está acontecendo com essa cidade? Ou o que não está? Isso me parece uma soma bem feitinha de povo muito porco com poder público muito displicente” (bonita essa palavra, mas podem pensar em outras).

Sei que existe uma teoria que explica a razão de os locais abandonados sofrerem frequentes depredações. Por outro lado, um local que sempre está em ordem, inibe a depredação. Se alguém souber explicar melhor, agradeço. Um exemplo disso é o metro de São Paulo que sempre está em ordem por passar constantemente por manutenção.

Aqui (como em toda a Velha Caieiras) acontece o contrário. Nesse meu caminho, então, voltando ao assunto dessa conversa... Além do volume de lixo, temos muita, muita, muita bagunça de uma obra interminável, uma pavimentação ridícula nas ruas, valetas aos montes, calçadas horríveis, vazamento de água secular, uma estrada com um trânsito caótico. Não, não precisa sentir dó se mora num lugar legal. Deixa que cada um encare o seu problema.

O lugar é feio mesmo em todos os dias do ano. E, como se isso fosse pouco, sempre acontece algo de absurdo nesse trajeto casa/supermecado. É incrível.

Hoje, por exemplo, ainda tive que presenciar duas loucas, tentando atravessar a estrada, com uma criança doidinha para entrar na frente dos carros. Aliás, no ponto em que está o supermercado, centenas e centenas de pessoas se arriscam todos os dias para atravessar a estrada que não tem um farol, uma lombada, nada, só carro com muita pressa de sair daquela lentidão dos infernos.

Já no alto do morro da rua Mauá, um minuto depois, encontrei dois heróis de bicicleta, dizendo que iam descer na estrada, parar o trânsito e salvar uma mãe que colocou a ela e ao filho em perigo, querendo passear de bicicleta na pista sentido Franco da Rocha. Quando chegou na curva, depois do Federzoni, sem espaço na pista, mãe e filho e bicicletas passaram para dentro do guardirreio, onde também não tinha espaço.

Aí a cena foi coisa de novela mexicana. A mulher e o filho e as bicicletas enroscados. O herói tentando parar o trânsito em plena Rod. Tancredo Neves. Um trânsito daqueles e eu gritando lá do alto para a mulher esperar, enquanto o menino herói parava a fila de carros em plena curva.

Graças a Deus, que estava naquele inferno olhando por todos, ninguém se machucou, nenhum carro bateu e deu tudo certo.

Agora, dá para acreditar que isso aconteceu em 10 minutos de caminhada? Cinco na ida e cinco na volta?