quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Chegando ao Final da Obra...

Quando meu terapeuta escreveu: "estamos chegando ao final da obra", me deu um calafrio.
Desde a confirmação da data da cirurgia (uma mamoplastia redutora), para 30 de setembro, passei a pensar em coisas... como se não fosse voltar. Ao mesmo tempo, tinha a certeza de que tudo daria certo.
Na troca de e-mails com ele, me dei conta de que, na verdade, a velha Isabel morreria  para sempre: aquela brutona, sargentão, que brigava por qualquer coisa, impaciente, muitas vezes triste, que andava pesado e dura como se carregasse o mundo nas costas, já estava moribunda há tempos. Só faltava o golpe final para morrer de vez.
Fiquei pensando: será que vou voltar tão diferente assim? Bom, voltei há 6 dias, e passado o período de dor pela cirurgia, posso dizer que já me sinto diferente: mais confiante e mais segura.


O começo do processo
Tudo começou em novembro de 2008, quando uma decepção enorme no meu trabalho me fez repensar o que estava fazendo da minha vida, da minha família e da minha saúde. 
O ano todo já tinha sido muito pesado. Eu tinha perdido o controle sobre a rotina diária dos meus filhos que passaram a estudar no período da manhã (eu nem levava, nem buscava mais na escola).  
Na empresa, tudo havia mudado. Durante anos, deixei minha família de lado pelo trabalho e, ao chegar ao final daquele, descobri que ninguém sabia muito bem o que eu fazia. Um dos mais importantes trabalhos da minha carreira era reconhecido em pesquisa com colaboradores, mas estava totalmente ignorado por uma nova chefia e abafado pelas transformações na empresa e na área em que eu estava. Tudo parecia ter voltado à estaca zero após 9 anos de trabalho. 
Sentia-me desvalorizada. Mas, isso nem era o pior. Sentia-me violentada em minhas ideias, iniciativas e autonomia. Era um novo modelo de trabalho com o qual eu não me sentia à vontade.
Eu sempre amei o lugar e as pessoas com quem trabalhei. Mas, não havia mais espaço para esse tipo de sentimento naquele ambiente. Estar lá na maior parte do meu dia tornou-se um martírio.


A virada
Em janeiro de 2009, iniciei a terapia com um psicólogo que atua em aconselhamento de carreira, coaching e trabalha num modelo de terapia breve. Um profissional fantástico!
Eu queria dar um rumo certo para minha carreira, me livrar das mágoas e trabalhar a frustração   por estar com mais de 40 anos e não ter chegado a lugar nenhum na carreira. 
Combinamos alcançar um resultado em 10 encontros. Como os encontros não eram semanais, o décimo encontro aconteceu no décimo mês. Foi perfeito!
Naquela ocasião, eu tinha duas certezas:
1 - queria sair da empresa em que estava, mas sem trocar uma rotina corporativa por outra. 
2 - queria resgatar minha essência feminina. Deixar de ser tão racional, rude, bruta, dura, para ser amável, paciente, carinhosa, ser mais mãe, mais esposa e companheira.
E nós conseguimos. Deu muito certo! 
Em outubro de 2009, decidi o que fazer da minha carreira, falei sobre isso para uma outra nova chefia e consegui ser demitida, recebendo uma indenização que me manteria por um tempo, caso eu não tivesse nenhum trabalho como profissional independente.
O bom é que desde que deixei o emprego, não parei de trabalhar, e trabalhar em comunicação corporativa, como sempre fiz e sempre gostei, só que do jeito que eu entendo que deva ser: com foco, qualidade e paixão. 


As reformas
Somente a estrutura inicial foi mantida na casa nova
A grande reforma interna aconteceu juntamente com a reforma de uma casa nova, no lugar que sempre desejei morar.
Como estava acontecendo comigo, nessa nova casa tudo seria mudado, só permaneceria a estrutura inicial, a essência.
Uma casa que havia sido mal cuidada, quase destruída ao longo do tempo, começava a tomar uma forma bonita e aconchegante, feita para viver em família. E eu, que também quase me deixei destruir, perdendo a vaidade e ficando amarga e chata, também me tornava melhor, mais doce, tranquila, amável, feita para cuidar da família.
Agora, a casa está em fase final de acabamento. Falta decorar e mantê-la em ordem.
Eu também estou em fase final de acabamento. Minha mente está leve, minha alma feliz. Estou mais calma e tranquila. E meu corpo começa a ser preparado para a decoração. 
A mamoplastia redutora foi o marco dessa transformação. Ela encerrou o processo mais doloroso: o de ruptura com a velha forma. Como a construção da nova casa, vai me ajudar a escrever uma história nova, que começo a rascunhar agora, com objetivos mais claros, foco e disciplina. 
O corpo só um pouco modificado é um bom motivo para me exercitar, comer melhor e buscar uma vida mais saudável. Afinal, tenho outros desafios para que tudo combine: reduzir o abdome fazendo dieta e muito exercício é um deles.
A casa nova é um bom motivo para eu estar em família, ser mais organizada e receber melhor as pessoas que amo tanto. E aqui, o grande desafio será manter tudo em ordem como casa de revista.