terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ei, senhores, e o nosso acesso?

Antigo acesso pela rua Mauá.


Havia sinalização adequada para atravessar a pista.

Acreditar, confiar, esperar são ações para quem quer viver melhor e sofrer menos. Mas, quando isso representa ser empurrado com a barriga, ignorado ou negligenciado, tudo muda de figura e o sofrimento pode virar indignação fácil, fácil.

Há cerca de um mês, fui até a prefeitura para falar sobre o fechamento do acesso ao Jardim Vitória, Jardim Boa Vista e Vila Gertrudes, utilizado há décadas, via rua Mauá, na cidade de Caieiras.
Eu e meu marido fomos convidados pelo Sérgio, da FO Marmoraria, que vinha conversando sobre o assunto com outros moradores e comerciantes dos bairros, o Paulo, da Work Center, e o Augusto, veterinário da Clínica Sol e Lua. O vereador Adriano (Sopó) articulou o contato com o prefeito e outros servidores.
Fiquei impressionada com a prontidão do prefeito Hamamoto em nos receber juntamente com uma equipe bastante representativa - o Sr. Naohiko e o Sidnei, para falarem de obras, o Dr. Rodrigo e o Fábio, para falarem de segurança e trânsito, e o Adriano vereador. Pareceu que tudo se resolveria em poucos dias. Mas, doce ilusão a minha.


Pesadelo
Manobra arriscada para quem vem de Caieiras e
precisa entrar  no Jardim Vitória
.
A vida dos moradores desses três bairros está um verdadeiro inferno! Tente sair de Caieiras e ir até um desses bairros de carro para sentir o pesadelo que vivemos todos os dias. Ah, mas se para você andar de carro é um luxo, tente ir de ônibus, descer no ponto, logo depois do Supermercado Federzoni, e atravessar a estrada. Se sobreviver, vai poder contar a aventura.
A confusão fica maior quando alguém tenta sair do
bairro, para sentido Franco da Rocha, neste mesmo acesso.
Além de enfrentarmos diariamente, e em qualquer horário, um trânsito gigantesco, temos que ficar parados no meio da Rodovia Tancredo Neves, na altura do km 37, para atravessar em frente à E.E. Dr. Nelson Manzanares, em um lugar que não foi sinalizado para essa travessia de carros. 
Se não entendeu onde fica esse lugar, é quase em frente à entrada para o Grêmio XIV de Dezembro que, aliás ficou só com saída, depois do desenho da estrada feito pelos GENIAIS engenheiros do DER.
Voltando à travessia, lembro a quem se aventurar em fazê-la: reze muito para ninguém acertar a traseira do seu carro. 


Situação vergonhosa
A opção mais segura, e também muito mais lenta, é percorrer mais um km e demorar uma eternidade, até chegar no trevo do Jardim dos Eucaliptos, fazer a conversão e levar mais uma eternidade para voltar até essa bendita entrada para o Jardim Vitória, Jardim Boa Vista e Vila Gertrudes.
Na reunião com as autoridades, fiz uma brincadeira que, no dia, achei absurda. Mas, hoje, vejo que tem lá seus fundamentos. Comentei com o prefeito e os demais servidores: “os moradores não precisarão queimar pneus na estrada para vocês e o DER tomarem uma providência, não é? Nós rimos, afinal queimar pneus numa estrada tão movimentada, não seria um ato civilizado. 
Mas, diante da falta de respeito do DER e da Prefeitura de Caieiras, que promovem mudanças, sem avaliar as consequências para moradores e comerciantes, alguém teria uma ideia melhor?
Há décadas, o DER e seus engenheiros parecem ignorar as pessoas que pagam seus impostos, acreditando que terão o mínimo de qualidade de vida.
Aqui, nesse blog, posso falar para meia dúzia de pessoas lerem. Mas, a partir de hoje, começo uma campanha para mostrar para a mídia de São Paulo, que as pessoas das cidades do entorno da capital estão sendo tratadas com total desrespeito pelo poder público.


Clique para ver primeiro post sobre o tema.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cia. Melhoramentos: 120 anos passados em branco

Imagem que representa o reflorestamento
no início do século XX
Quando soube que a Companhia Melhoramentos fez 120 anos, no início de setembro, fiquei inconformada. Em mais de 20 anos trabalhando em comunicação corporativa, acompanhei tantas ações ligadas a datas comemorativas, que perdi as contas. Geralmente, as empresas celebram anos cheios com funcionários, acionistas, clientes, fornecedores e comunidades no entorno de suas unidades.
Ao fazer isso, reforçam seus valores, sua cultura, sua história. Demonstram que, verdadeiramente, têm responsabilidade social e valorizam seus públicos de relacionamento.
Mas, por aqui, em Caieiras, cidade que surgiu, se desenvolveu e cresceu graças à Companhia Melhoramentos de São Paulo, nada aconteceu.
É sabido que existe uma relação de amor e ódio entre empresa e cidade ou cidade e empresa. Mas isso deveria ficar apenas por conta de aspectos políticos e econômicos. Mas, jamais no humano ou histórico.
Quantas e quantas famílias caieirenses têm sua história de vida ligada à Melhoramentos? Infelizmente, a minha não, pois nasci na Cresciuma, meu pai foi um operário do setor de plástico e trabalhava em São Paulo. Só que convivi e convivo com várias pessoas que nasceram ou cresceram no Monjolinho, na Fábrica, no Barreiro, na Rua dos Coqueiros, Vila das Cabras, no Charco Fundo ou em uma das outras vilas erguidas em torno das unidades fabris da Melhoramentos.


Cidade de primeiro mundo
Os mais jovens, hoje, nem imaginam que em volta da fábrica de papel existiu, um dia, mais de uma centena de casas, com tijolos à vista, bem ao estilo alemão, onde os funcionários moravam sem pagar aluguel. Nem fazem ideia que existiram três clubes, com salão de baile, campo de futebol, que recebiam centenas de pessoas de São Paulo, em  festas elegantes e torneios de fim de semana. Também havia mercearias, farmácias, escolas, cinema. Sim, havia CINEMA para o entretenimento dos operários da Companhia. Havia, ainda, igreja, capela e cemitério. Um bonde levava as pessoas da Estação Ferroviária para as dependências da empresa e para várias das vilas. Enfim, no entorno da Companhia Melhoramentos cresceu uma grande cidade, com infraestrutura de primeiro mundo.
Cia. Melhoramentos - Fábrica de papel - 1960
Parte disso tudo existiu até a década de 1970 e foi acabando totalmente até o início dos anos 90.
E o que aconteceu com tudo aquilo? O que aconteceu com os irmãos Weiszflog que só são conhecidos pela grande maioria da população de Caieiras, porque dão nome a três escolas públicas? Uma delas nem sei se ainda existe.


Com a emancipação o começo do fim
O que aconteceu com a Companhia Melhoramentos que, durante anos, foi a maior empresa de papel da América Latina? O que seus administradores fizeram? Por que acabaram com toda a história que fez Caieiras surgir no mapa?
E por que tanta falta de respeito, ou consideração, do poder público com essa empresa, com essa história? Por que só pressão e nenhuma parceria?
Não sei a resposta, porque não investiguei o assunto. Mas, para mim, desde a emancipação política de Caieiras, em 1958, percebe-se um movimento gangorra: a cidade cresce e a Melhoramentos se afasta da vida e rotina da população.
Olhando para esse período, vejo a ambição e o interesse em transformar florestas em empreendimentos imobiliários vagabundos, baratos e sem a mínima estrutura para seus moradores. Vejo a degradação da cidade. E o que é pior, com total aval do poder público.
De 1958 para cá, surgiu uma nova cidade que desejava ser independente da Melhoramentos. Mas, para tanto, socou seus moradores em trens lotados para seguirem para São Paulo, em busca de trabalho. Caieiras conseguiu crescer sem a Melhoramentos, mas se tornou uma cidade dormitório e sem identidade, sem charme, a periferia da periferia. 
E é assim que continua a crescer, de qualquer jeito, e a tratar de qualquer jeito pessoas e empresas que aqui tentam se estabelecer. Infelizmente, não criam mais vínculos e, por isso, não se sentem parte, nem tampouco responsáveis pela cidade.


Como podem ignorar 120 anos de história?
Voltando ao começo de tudo, 1890, ainda me pergunto: como os executivos da Melhoramentos puderam desprezar 120 anos de história ligada à Caieiras?
Como puderam ignorar uma história que, há mais de um século, já trazia um exemplo de desenvolvimento sustentável tão falado atualmente?
Sinto por essa data, tão importante para a Companhia e para Caieiras, passar assim... tão despercebida.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Vista inspiradora

Vista da saída da casa onde
funciona o gabinete do prefeito de Caieiras

Esta vista deve gerar boas reflexões às pessoas que saem da casa onde está, atualmente, o gabinete do prefeito de Caieiras, Roberto Hamamoto:
1 - A cidade está crescendo e merece uma visão de futuro, com avenidas largas, excelente fluxo do trânsito, limpeza e organização.
2 - Graças à Companhia Melhoramentos, apesar da relação de amor e ódio, a cidade não se tornou a PERIFERIA de São Paulo, preservando, o quanto pode, um baixo adensamento populacional e a qualidade do ar.
3 - Atrás desses lindos morros verdes estão os bairros que, por estarem escondidos, garantem  que Caieiras não fique tão feia aos olhos de quem chega.

Reprograme o automático, a rua está fechada

O motorista do carro atravessado no meio da estrada
ainda está no automático
Imagine: há anos você faz o mesmo caminho, atravessa a mesma estrada, sobe pela mesma rua. De repente, você dá de frente com uma placa: contramão!
E, aí? Como fica seu processo mental? Lembre-se que está parado no meio de uma estrada.
A mente humana automatiza ações repetitivas. Quando se depara com uma placa "contramão", no caminho que já estava automático...fica burra. 
Já quem muda a placa tem outro processo automático: o de mudar placas, mudar mãos, fechar, abrir, quebrar, às vezes até consertar. Enfim, outra visão da questão. E o que fazer?
Fecharam a entrada da rua Mauá, acesso para o Jardim Boa Vista, Jardim Vitória e Vila Gertrudes, em Caieiras, na região que, genericamente chamamos de Serpa, e não contaram por onde e, de que forma, os moradores deveriam entrar. Sabe aquela placa de "retorno à frente" ou algo assim? Então, não tem. 
Pronto, um monte de gente atrapalhada e completamente perdida.
O lado bom disso é que comerciantes locais e moradores se uniram e solicitaram uma reunião com o Prefeito. Um vereador organizou o encontro. O prefeito chamou os servidores envolvidos nas decisões sobre o assunto e marcou uma reunião rapidamente. E aí entro eu, representando os moradores (não fui como jornalista).
A reunião aconteceu no dia 9 e começou por volta das 18 horas. Para mim, isso demonstra boa vontade em ouvir, sem as interrupções do expediente e a pressa de acabar. Gostei.
Estavam em torno da mesa eu, meu marido, três comerciantes e o poder público: prefeito, vereador, responsáveis pela segurança pública, pelo trânsito e obras. Éramos umas 10 pessoas.
Nossa conversa durou mais de uma hora. Foi organizada, focada e direta. Falamos do acesso ao bairro e aproveitamos para abordar problemas de segurança.
A velha inflexibilidade do DER
Ouvimos que, sobre o acesso, não há muito o que fazer, pois é o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) que define essas questões e eles são inflexíveis. Existe a possibilidade de, um dia (...um dia...) esse trecho do Serpa ser municipalizado. Mas, tenho minhas dúvidas, pois ouço essa história desde criança e deve ser uma coisa tão chata para se brigar, que fica mais fácil buscar soluções paleativas e emergenciais.
A possibilidade, agora, para quem está na via sentido Franco da Rocha, é passar pelo trevo, lamentar e entrar na próxima rua à esquerda. Ah, não sei o nome dela, pois foi mudado recentemente. Mas é a rua de fronte à E.E. Dr. Nelson Manzanares, no km 37, da Rodovia Tancredo Neves.
O bom é que o motorista passa a ter uma melhor visão da estrada. O ruim é que a conversão ficou em 90° e há um calombo bem na entrada da rua. Nossas autoridades prometeram ajustar isso tudo e acredito que o farão o quanto antes.
Aliás, esse acerto e algumas melhorias para o Serpa foram anunciadas na reunião. Mas, a questão da segurança ainda está longe do ideal. As explicações são as mesmas, que também ouvi a vida inteira. Não creio que sejam mentirosas, mas penso que poderiam mudar, considerando que Caieiras é uma cidade pequena, com uma grande arrecadação.
Pouco efetivo, pouco recurso, pouca verba são reais. Mas, sabemos que todo novo mandato municipal, leva para a prefeitura um monte de gente nova, geralmente ocupando cargos de assessoria e recebendo salários que não ganhariam no setor privado. Já, para segurança, saúde e educação a realidade pouco se altera a cada quatro anos.
Disque Denúncia - 181
Essa realidade pouco muda porque nós, eleitores, somos acomodados. Não cobramos, não sugerimos, não participamos, não ajudamos (também temos que ajudar sim) E, aí, acontece o que vemos hoje em todo o país: serviços básicos públicos precários e sem qualidade.
Reflexão à parte. Gostei de uma outra coisa que ouvi na reunião. 
Para driblar a velha história do pequeno efetivo e pouco recurso da nossa polícia, temos o Disque Denúncia. Você sabia que se ligar para esse serviço, que lhe garante absoluto sigilo, e fizer uma denúncia, o delegado local tem até 72 horas para investigar e posicionar o Comando da Polícia?
Eu não imaginava que o serviço é tão eficaz. Mas, é. Então, anota aí: 181 é o número para denunciar "noias", pontos de tráfico, receptadores de mercadorias roubadas etc etc.
Minha crença
Acredito na boa vontade do poder público em acertar essa situação no Serpa rapidamente.
Acredito que esses dois primeiros anos de mandato do atual prefeito serviram para pagar contas e arrumar a casa e que nos próximos dois teremos boas entregas, boas notícias para a cidade. 
Posso estar fazendo o jogo do contente. Mas, se não acreditar em quem se dispõe a comandar e a organizar uma cidade e em quem está sendo pago para pensar em soluções que sejam boas para a maior parte das pessoas da comunidade, vou acreditar em que? 

domingo, 12 de setembro de 2010

Acreditar sempre

Quem me conhece há algum tempo sabe que sou do tipo "Poliana". Busco olhar sempre e sempre o lado bom das coisas. Às vezes até me sinto meio boba, porque acredito nas pessoas. Acredito no que me contam, acredito no que me prometem.
E por que sou assim? 
Em algum momento da minha vida decidi que seria verdadeira, transparente, absolutamente honesta e justa. Oh... grande coisa, podem pensar. Ela se acha. Pois é, sou assim mesmo e ser desse jeito me trouxe tantos problemas na vida, quanto satisfações.
Bem recentemente, diria que por volta dos 40 (tenho 43), descobri que as pessoas não vão falar a verdade só porque estão lhe contando algo, e nem mesmo quando você se colocar disposto a ouvir a verdade. Não sei se por defesa ou por dificuldade, mas as pessoas não expressam o que realmente pensam, considerando os diferente aspectos ou os diferentes lados de uma mesma história.
Eu faço isso. Falo o valor real das coisas que compro. Falo quanto ganho. Falo se tenho um pensamento maldoso ou interesse particular, quando tomo uma atitude que envolve os outros. Falo se gosto ou não de uma coisa, o que realmente penso sobre algo (agora, só quando me perguntam). Enfim, se não quer saber o que penso, não me pergunte.
Meus filhos ainda estão aprendendo e entendendo esse jeito. Afinal, se não está bom, digo que não está bom e não fico floreando. Quando não vejo capricho, digo. Vejo algo errado, digo. Claro que também elogio quando está bem feito, quando houve esforço, mesmo que o resultado final seja completamente diferente da minha expectativa. 
Escrevi tudo isso, porque vou contar sobre a reunião da qual participei, na semana passada, com um prefeito, um vereador, servidores públicos, comerciantes e moradores do bairro onde moro. Fui como moradora, não como jornalista. Então, participei de tudo absolutamente desarmada, cheia de esperança por uma solução boa para todos (de verdade, boa para todos). E, apesar de saber "que as pessoas não vão falar a verdade só porque estão lhe contando algo", encarno a "Poliana" e acredito que a conversa valeu para melhorarmos algo.
Acredito, porque a experiência de estar em uma reunião como aquela foi muito, muito interessante. Mas, vou contar melhor em outro post.