quinta-feira, 20 de maio de 2010

Vergonha alheia

Essa expressão não foi inventada por mim e não tenho certeza absoluta se partiu da amiga morena ou da amiga loira. Vou checar e conto assim que souber.

Bom, o que importa é que vou usá-la daqui por diante, muito estimulada pelo tempo e envolvimento com a cidade de Caieiras (onde, por acaso, moro).

Vou explicar: vergonha alheia significa sentir vergonha pela besteira - ou fora - de outra pessoa. E Caieiras, nesses sete meses de convivência intensa, se tornou uma fonte inesgotável de vergonhas alheias.

Há 20 anos, quando falava que morava em Caieiras e ninguém sabia onde ficava, levava numa boa. A cidade era bem bonitinha, não tinha poluição, não tinha barracas nas ruas, nem buracos, mas tinha ruas de paralelepípedo - o que era o máximo! Não tinha assaltos, arrombamentos, chacinas. A cidade nem aparecia no mapa, mas...para que? Era um refúgio bom depois de um dia de trabalho na capital.

Naquela época, éramos uns 30 mil habitantes, chutando.

Hoje, as pessoas continuam não sabendo onde fica Caieiras. Mas, já ouviram falar alguma coisa sobre a cidade. "Não é para lá que vai grande parte do lixo da capital?"

Sim!!! E isso deixou a cidade tão importante. Todos os dias sai algo na mídia. Principalmente em tempos em que encontrar uma solução para o lixo torna-se um sucesso.

O pior é que a solução mentirosa foi criar um lixão atras de um morro, em uma cidade que não aparece no mapa, há 40 km da capital. Noooossa... "São Paulo encontrou uma excelente solução para o problema do lixo...", publicou outro dia a editora Abril em encartes sobre cidades sustentáveis, ou algo assim, em várias de suas revistas.

Diria que essa é a maior das vengonhas alheias. Executivo e legislativo de Caieiras, que se combinam muito bem (quero dizer, jamais de opõem), permitiram o maior dos crimes contra uma cidade que tinha tudo para comportar condomínios de alto padrão, como Valinhos e Vinhedo.

Mas, caipira de visão curta é fogo. Quantos tipos assim já tiveram fortunas nas mãos que acabaram rapidinho em farras?

Hoje, quem mora em Caieiras, em bairro pobre ou nobre, não sente mais o cheiro de eucalipto, que tomava a cidade no final da tarde. Convive com o mal cheiro exalado do local que deveria ser exemplo de respeito ao ambiente e à sustentabilidade. Essencis Soluções Ambientais é o nome do que deveria ser um local de tratamento de resídios que, na verdade, nada mais é do que o lixão de Caieiras.

Ai que vergonha!!! Ai que vergonha alheia.

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